segunda-feira, abril 24, 2006

Nascer e Crescer depois de Abril

Era uma imagem comum... Sempre que visitava os meus avós no Montijo, lá me deparava com um "poster", tamanho A3 na parede da marquise!

Não sei exactamente que idade tinha mas recordo-me que pensava, na minha inocência infantil, porque seria que o menino da minha idade estava a enfiar uma flor num cano de uma espingarda?! Mas como lá estava inscrito "25 de Abril de 1974", seriam concerteza coisas do passado, daqueles "longínquos" anos antes de eu ter nascido (em 1980)...

A verdade é que fui crescendo e acabei por aprender a simbologia do antigo "poster"... Tratava-se nem mais nem menos do que uma ilustração de uma nobre Revolução, em que não foram necessários tiros nem violência para mudar o destino de um país!

Provou-se em Portugal que não era necessária violência para levar avante ideais e foi a toque de cravos que se deitaram abaixo opressões e censuras, enraízadas no povo e na cultura, opressão essa que foi ainda capaz, num último esgar de dor, de disparar contra cidadãos inocentes, ferindo de forma letal na Rua António Maria Cardoso em Lisboa, as suas últimas 4 vítimas pelas mãos da PIDE.

Para mim, que fui educado num período em que a liberdade de expressão era já uma realidade, não foi fácil entender que durante tantos anos o país viveu envolto em torturas, mentiras e omissões. Por vezes ainda oiço dizer que, apesar de tudo, não se passavam na altura situações que ocorrem hoje...
Sei por isso que ainda há "pormenores" que me escapam, apesar de conhecer a maioria dos factos históricos. "Detalhes" que concerteza, alguém que nasceu no pós 25 de Abril, nunca conseguirá entender.

Facto é que 32 anos após o Golpe de Estado, o trabalho dos Capitães de Abril tem ainda de ser continuado e melhorado.
A letargia em que o País esteve mergulhado e a forma eufórica e desorganizada como saiu da ditadura, deixaram ainda um longo trilho a percorrer, que infelizmente nem sempre tem sido cumprido da melhor forma.


Com a consciência de que também os jovens da minha geração têm ainda muito que contribuir nos anos que se seguem, fica aqui a minha homenagem e agradecimento a todos os que contribuiram e tornaram possível a Liberdade e a certeza que, todos os anos, recordo como é bom viver em Democracia!