sexta-feira, setembro 22, 2006

Concerto no Trânsito

Manhã cedo… Dentro do carro sinto o vidro a embaciar-se… A chuva não permite o ar das janelas e o trânsito amontoa-se como peças de lego no tapete de alcatrão…
A névoa do sono adensa-se com aquela provocada pelas gotas em colisão… Um dilúvio matinal e a possibilidade de chegar atrasado ao trabalho esboçam um quadro demasiado abstracto para o início de um desejado fim de semana.

Apercebo-me então de um concerto à minha volta… Um espectáculo pouco comum… Piscas laranjas, stops, ritmos de chuva ribombando no capot, bailam ao sabor do vento e dançam em valsa com os limpa-vidros.

O rufo do tambor acompanha a força da água, o CD torna-se no maestro de uma banda em que a gaita de foles suspira melodias, as vozes trinam e brincam como os raios de sol que atravessam as nuvens no horizonte…

Dou por mim a jogar com a natureza e com a música, cantando a alta voz com o meu bom amigo Rafa, entrelaçando tons, acordes e percussões.
O volante entra na dança, o caminho parece abrir os braços e manda-me avançar... O “explodir” das poças à minha passagem e o jogo luminoso de faróis em meu redor, são como o clímax de um final apoteótico que termina no lugar do estacionamento…

Para a chuva. O motor cala-se e abrem-se as portas do anfiteatro imaginário… O relógio marca horas certas e o café abre os aromas de um novo dia… Se calhar sonhei…

Bom fim de semana a todos!